segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Bons Abandonos!! Boas entradas!!




Desejo a todos, amantes e não-amantes de Arquitectura um bom abandono daquele já era antes de o ser o "pior ano de sempre" e boas entradas naquele que, irmão do seu irmão, também será o pior de sempre antes de sequer se apresentar - 2013

Deixo algumas pérolas para nos deleitarmos nesta arte tão desprezada em Portugal

Cutty Sark by Grimshaw

Nakai House by University of Colorado students

Brasilia en Construcción por Marcel Gautherot © Marcel Gautherot





















FELIZ ANO NOVO

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer - Nasceu com o Brasil na ponta da Caneta



Faleceu um dos maiores nomes da arquitectura 

Oscar Niemeyer 


Nascido com uma habilidade natural de desenhar o Brasil conseguiu deixar em nós a verdadeira face de uma arquitectura que apesar de moderna, trazia em si muito do passado (clássico), do futuro, do Homem, do Brasil e dos Sonhos.


Só nos resta lembrar mais de 100 anos de vida:


"Existem apenas dois segredos para manter a lucidez na minha idade:o primeiro é manter a memória em dia. O segundo eu não me lembro."

Oscar Niemeyer





































segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Vão-se os aneis, ficam os ... ... ... cães?

Em 2012  o mercado da arquitectura estagnou.

Impôs-se uma cultura híbrida nórdica/sul-americana.

Nórdica porque o espírito de compra de casa é muito próprio de quem sempre teve pouco, mesmo que alguns insistam que sempre gastámos muito mais do que tínhamos. A total ausência de mercado de arrendamento sempre fez que o aluguer da casa fosse sinal de instabilidade e como tal algo não desejável pela sociedade (pela nossa sociedade), nos países nórdicos, supostamente mais evoluídos (nunca me explicaram é em quê, mas deixamos isso para outras reflexões), o mercado de arrendamento é verdadeiramente uma alternativa à compra e o estigma de não ter casa é praticamente inexistente. 

São outras formas de encarar a vida e as prioridades.

Sul-americana porque a falta de liquidez das famílias faz com que adoptemos um estilo muito próprio das favelas brasileiras e das cidades norte-fronteiriças do México onde começa a existir de uma forma bastante relevante a sobrelotação das casas. Avós, pais, filhos e netos (muitas vezes até tios, sobrinhos e primos) partilham casa com poucos quartos encontrando soluções práticas embora de salubridade duvidosa para a total ausência de capacidade de comprar ou alugar um espaço a que possam chamar lar.

Neste enquadramento surgiram ao longo desta década várias tentativas de encontrar novos "nichos" de mercado que compensassem de certa forma a perda de volume de trabalho.

Aqui fica uma das mais ridículas que me ocorre.

ARQUITECTURA PARA CÃES


http://architecturefordogs.com/architectures/


Diz a memória descritiva algumas baboseiras sobre a forma como o cão foi criado pelo homem, que divide a vida com ele, que é uma colecção sincera que pretende melhorar a vida quer de cães, quer de donos.

Enfim, fica o texto:

"Architecture for Dogs, invented by architects and designers, is an extremely sincere collection of architecture and a new medium, which make dogs and their people happy. Dogs are people’s partners, living right beside them, but they are also animals that humans, through crossbreeding, have created in multitudes of breeds. Reexamining these close partners with fresh eyes may be a chance to reexamine both human beings themselves and the natural environment."

Nomes como MVRDV, KAZUYO SEJIMA, SOU FUJIMOTO, ATELIER BOW-WOW, KENGO, UMA, TOYO ITO, HARA DESIGN INSTITUTE, dão a cara por uma campanha que colocas vários entraves à seriedade e credibilidade do arquitecto enquanto técnico.



Architecture for Dogs


Architecture for Dogs

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Cidades Circulares


Em Novembro de 2012, surgiu uma proposta pelo gabinete FR-EE (Fernando Romero) de concepção urbana, onde a cidade radial e hexagonal se “fundem” para formar um conceito de gestão territorial diferente e optimizada.






Este modelo pouco tem de novo, e já teve no passado algumas tentativas de aplicação prática, mas que pouco impacto tiveram, principalmente porque os resultados foram pouco esclarecedores quanto aos benefícios destes sistemas em grande escala.


Em 1593 foi fundada Palmanova em Itália, idealizada principalmente para fins militares, no entanto a história mostra-nos que os fins militares são acima de tudo fins funcionais:

Tommaso Campanella em 1602 desenvolve a cidade do Sol, um conceito utópico que encerra em si qualquer evolução urbana, social e pedagógica. Fixa a hierarquia através da ordem que a estratificação física torna também social:



Em 1902, Ebenezer Howard escreveu “Garden Cities of Tomorrow” onde predomina a ideia de uma cidade ideal onde convive o campo e a cidade. O verdadeiro autor da cidade jardim (ao contrario de Le Corbusier) idealizou cidades radiais que convivem radialmente em torno da cidade central e onde se pretende uma igual proximidade ao campo entre todos os habitantes diminuindo assim a tensão social pela escassez de recursos alimentares. Apesar de ser um plano utópico e quase todos os diagramas que nos chegaram apresentarem o apontamento que a implantação depende do local a escolher, esta ideia sempre contaminou o imaginário humano de que uma cidade nova e circular representa uma ideia de futuro.

Podemos ver isso na actual série de televisão TerraNova onde um grupo de colonos, numa tentativa de salvar a espécie humana, viajam no tempo para um passado onde é possível a civilização começar do inicio e sem quaisquer barreiras culturais ou de património constroem uma cidade eco eficiente e sustentável que apresenta a forma e funcionamento circular um pouco à imagem de todos estes exemplos




Outro exemplo da tentativa de aplicação destes princípios deu-se quando da mudança da capital da India de Calcuta para Delhi em 1911.

Edwin Lutyens foi o Arquitecto responsável pelo plano principal onde tentou aplicar alguns princípios, principalmente os princípios de circulação circular através da conversão do círculo em hexágono.



O resultado foi muito singelo e a verdade é que existem algumas vozes que afirmam que no fim foi dada mais importância a um plano para exaltar o ego do arquitecto, do que um ato de urbanismo em si.


Existem depois alguns outros trabalhos e estudos que rodam muito em torno do mesmo, gostaria só de salientar mais um.

“The Venus Project” - http://www.thevenusproject.com

Conceito apresentado por Jacque Fresco, mas que, como podemos ver,  não é de todo original.

O conceito é mais abrangente do que apenas a visão urbanística. Trata-se de uma ideia de sociedade renovada em que a construção de novas cidades e não a renovação faz parte da estratégia.

O fim do dinheiro, dos empregos, da pobreza e das guerras por recursos é o tópico que guia esta renovação urbana a nível planetário.

Com ideias de cidades terrestres e marítimas a apresentar o conceito radial, existe um conceito de construção, uso e distribuição mecânica de todos os recursos.

À semelhança de todos estes exemplos, o gabinete FR-EE apresenta agora a sua versão da cidade ideal/radial com todos conceitos refrescados em vistosos render’s, mas, mais uma vez temos a ideia de que este conceito seja apenas viável quando a escala é total, ou seja, a totalidade da cidade ou do mundo.

Nenhum dos exemplos anteriores demonstra a exequibilidade destas propostas como complemento a cidades já existentes e como tal continua a ser apenas propostas utópicas e idealistas, mas sem aplicação pratica, pelo menos, …, no modelo social em que vivemos (é a única coisa que distingue o valor das propostas todas em relação ao Projecto Venus).