quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O Regresso


Parece que foi ontem, mas já lá vão 10 anos que o meu querido amigo Souto Moura me disse o inevitável - que eu teria de sair do meu Portugal. Disse-me que durante 10 anos não haveria possibilidade de eu mostrar o que valho.

 É com pena, mas lembro-me bem de como estava. Já não era alguém que os outros viam com carinho e respeito. Era tratado como alguém elitista que não servia num país que não tem dinheiro.

Pensavam que não era necessário e como tal que o dinheiro devia ser gasto noutras questões mais essenciais.

Não entenderam que eu estou em todo lado, que sou tudo e não sou nada, que sou o cheio e o vazio.

Talvez os meus representantes tenham caído na arrogância de achar que eu só existo no complexo, quando ao longo da história me têm criado com muito e com pouco dinheiro, com os materiais mais nobres, mas também com entulho e despojos de outras vidas.

Talvez não tenha tido a melhor representação, principalmente no que toca aquilo que “toca a todos”, as cidades, lentamente abandonadas, sacrificadas pela falta de respostas que uns e outros nunca quiseram pesquisar.

Mas hoje, em 2022, após este hiato de 10 anos, eu, a Arquitetura, estou de volta.

Vou descobrir este Portugal de 2022 e lembrar-me do que mudou nos últimos 10 anos, espero que este tempo tenha servido para refletir sobre o que correu mal e o que podia ter sido feito melhor.

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